terça-feira, 1 de novembro de 2011

Eu queria te odiar. Não, odiar não, eu queria ser indiferente à sua presença. Não morrer um pouco quando você chega e não te procurar em todos os sentidos quando você vai embora. Seria um sonho não ter mais tantas palavras se jogando aos seus pés e esquecer de vez todas as canções que me lembram você. Não lembrar que você existe é impossível, mas ninguém nunca disse sobre ser indiferente ao efeito que você causa em mim. Existe não achar o meu mundo sem você pela metade depois de ter conhecido o nosso mundo inteiro? Existe esquecer seu perfume, não lembrar da sensação do teu abraço, não querer estar presa à você como o seu chaveiro? Mesmo eu, que sempre defendi uma vida sem orgulho, ficaria feliz em ser invadida por uma onda orgulhosa que não permitisse te esperar, te escrever, querer te fazer enxergar que continuo parada no mesmo lugar. Porque não aguento mais os mesmo jogos, a mesma capa de não-amor, a velha cartilha de não estar nem aí, mesmo estando em todos os lugares possíveis. Tenho pensado você com a mesma frequência de antes e às vezes, pra andar mais segura pela rua, faço de conta que você ainda está aqui. Sinto falta da segurança que ter você me passava, dos dias em que mesmo distantes nos sabíamos lá e tínhamos certeza de um reencontro próximo. Sabíamos um do outro. Sabíamos nossas datas, nossos lugares, nossos amigos. Sabíamos nossa música, sabíamos nossos versos, sabíamos nosso amor uníssono. E agora o que sabemos? Não sei se você ainda toca sua música doce, se ainda pensa em mim quando ouve a música que um dia eu chamei de nossa, se ainda tem os mesmos sonhos e vontades. Não sei o que você faz no fim de semana, o que tem sido prioridade na sua vida, o que você tem enfrentado em casa. Não sei sobre seus horários, não sei suas datas importantes, não sei se você ainda veste a minha cor favorita. Não sei se você pensa em mim como eu em você, se você ainda me ama, se a minha presença ainda te aquieta a alma. Não sei se minhas palavras ainda te tocam ou se agora és indiferente a elas. Não sei se tens saudade, se pensas em voltar, se sentes ciúme quando alguém se aproxima. E você também não sabe um monte sobre o meu novo eu. Mas saiba que eu me descobri mais forte do que me achava capaz - e te descobri maior em mim do que havia imaginado um dia. Ainda respiro fundo quando você chega e me concentro em não cair, mas é tudo uma questão de tempo - um dia me acostumo com sua presença arrebatora, um dia me acostumo a não poder me aproximar. Não sei se é bem o que quero, mas no momento é o que me fará sobreviver aos dias de convivência que nos restam. Enquanto não pratico a indiferença, enquanto a onda de orgulho não me cobre, enquanto meus sentidos não anestesiam em relação à você, me mantenho na conformidade. Não vou te esquecer, é verdade, mas espero que todos estejam errados quanto à história de que amor mesmo é só uma vez. Esquecer um amor com outro é bobagem, mas ninguém nunca mencionou sobre se curar de amor mantendo a esperança de um novinho em folha na próxima estação. Quero sair desse inverno em plena primavera, mesmo que o inverno esteja sendo proveitoso no quesito do auto-conhecimento. Um novo amor há de esperar por mim em algum lugar, em algum coração. Novos ares, novas palavras, novos medos contidos. Porque embora todas as aventuras amorosas em que me lanço acabem por destruir meu coração, eu sempre vou estar a esperar por elas. Minha teimosia é originada dessa loucura primária, dessa busca incessante pela vida igual ao do livro na minha cabeceira. Enquanto não vem a indiferença nem o orgulho, eu sigo com a minha teimosia. Sigo insistindo em não te esquecer, em manter as portas abertas, em enxergar em você o meu novo amor reformulado. Criei um novo contrato com tópicos revistos e novas propostas. Reformulei minhas teses, reorganizei minhas prioridades, mudei minhas falas. Tem espaço pra gente, mas não como da primeira vez. Meu contrato é diferente e exige a mudança do seu também. O relógio corre, o tempo passa, e lá na frente tudo se explica. Seguirei minha vida, colocarei vasos de flores em todos os cantos sombrios que aparecerem, enfeitarei meu rosto com sorrisos. O jogo que começou novamente, depende apenas de você pra terminar com um vencedor - nós - ou sem nenhum. A indiferença não existe e o orgulho nunca foi minha bandeira, só a teimosia que ainda é a minha palavra de ordem. E ela um dia me levou até você, vamos ver até onde ela me leva dessa vez: a um amor novinho em folha ou ao seu velho amor reformulado.

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